Neste cenário de incertezas
ocasionado pela pandemia e pela ingerência e muitos governantes, professores se
veem desarticulados em sua atuação profissional. Lousa, giz, apagador, apostila
já faziam parte de sua rotina semanal, e agora, vídeo-aulas tomam conta da
rotina de pais, alunos e educadores. Tudo isso faz com que o professor se
reconstrua e promova uma prática que ainda não domina. Como promover uma aula
de qualidade, sanar dúvidas, participar de HTPC’s, acompanhar as mudanças
diárias nas Portaria da SME’s, SEE’s e DRE’s, observar o sinal de wi-fi,
bateria de celular, aumentar sem apoio financeiro seu pacote de dados e ainda
por cima, lidar com toda uma nova rotina em casa, ocasionada pela mesma crise?
Ah! Ainda tem filhos, marido/esposa e toda uma demanda emocional junto com toda
essa nova configuração de trabalho em “home office”. Nome bonito para dizer: Se
vira nos trinta e trabalha em casa...dá seu jeito! O professor não é máquina e
tampouco é passível de programação e desprogramação. Ele é um ser indivisível,
passível de erros, acertos, falhas, vitorias e principalmente, ele é de carne,
osso e sentimentos. É preciso que a categoria mais do que nunca, se solidarize
uns com os outros e promovam ao menos “bate papo” virtual. O professor precisa
de um espaço para dizer abertamente o que sente, como sente, porque sente e
tudo o mais que estiver permeando sua mente neste momento. Esse falar precisa
ser libertador e sem “moderadores”, é preciso falar sem o medo de ser julgado,
sem ter que ficar imaginando se esse ou àquele irá censurá-lo. Muito se fala
dos alunos que não têm essa e aquela ferramenta e se encontra em condições
precárias em suas casas. Mas, e os professores? Desde a escola particular à
escola pública, eles também têm suas dificuldades, sejam elas financeiras, sociais,
tecnológicas, etc. Muitos não dominam a linguagem tecnológica, pagam aluguel,
não contam com a ajuda de um(uma) companheira para ajudar, não possuem
celulares de última geração com uma boa resolução de câmera ou ainda, moram em
lugares mais abastados onde mesmo com um wi-fi pago, o sinal é de longe o
necessário para garantir o acesso às vídeo-aulas e para acompanhar o que é
proposto pelo Ministério da Educação junto aos órgãos reguladores. A síndrome
de burnout, mais conhecida como a síndrome do esgotamento físico e mental, é
muito comum entre professores e apresenta diversos sinais nem sempre tão claros
para si mesmo e para os que estão ao redor. Por isso é necessário que em tempos
em que não podemos sair de nossas casas, ou pagar por terapias, que possamos ao
menos desabafar sem o medo de sermos julgados. O termo burnout, do inglês,
significa aquilo que deixou de funcionar por completa falta de energia.
Simbolicamente, é aquilo ou aquele que chegou ao seu limite, com grande comprometimento
físico ou mental. E é exatamente para que essa energia não se esgote, que
precisamos de “válvulas” de escape. Portanto, fale! Fale sobre o que te deixa
triste, irritado, nervoso, feliz, angustiado, preocupado, confortado,
apaziguado com raiva ou à beira de um ataque de nervos. Tantos grupos de WhatsApp
no celular, então procure filtrar as mensagens recebidas, as notícias sem
fontes confiáveis, as correntes sem fundamentos e ria alto das piadas que chegam
e das imagens que nos fazem esquecer um pouco essa enxurrada de informações.
Procure falar, mas também saiba ouvir um colega quando necessário. Professor
por natureza tem a necessidade de falar, de se comunicar, de se fazer ouvir. Quer
gritar por causa do estresse ou do nervoso e fica reticente de te acharem
louco? Respire fundo, coloque a cabeça (rosto) num travesseiro ou almofada e
grite bem alto e sem medo. Você vai perceber que ficará mais leve e menos
tenso. Outras atitudes que ajudam é dançar, ouvir sua música favorita, não se
culpar pela conexão falhar ou demorar para entrar no “chat” ou na reunião virtual,
tentar se organizar para ter uma forma de critério de execução de atividades, e
não para ficar estressado por não conseguir cumprir o cronograma. Pensar que
muitas coisas pelas quais está passando não depende de você, de sua vontade ou
da sua falta de vontade. Mas sim, ocorre neste momento por consequência de uma
crise mundial que irá sim, terminar em breve. E novamente, fale como você se sente
ao final de cada atividade, nem que seja para você mesmo. Lembre-se: Falar é
libertador!
Alexandre Muniz – Psicopedagogo e
Neuropsicólogo Clínico
Abaixo, listo dois links de
lugares que podem ajudar com uma escuta ativa gratuita ou com valores bem baixo
do custo convencional.