quinta-feira, 7 de maio de 2020

Quando falar é libertador. Uma crônica para Educadores.



Neste cenário de incertezas ocasionado pela pandemia e pela ingerência e muitos governantes, professores se veem desarticulados em sua atuação profissional. Lousa, giz, apagador, apostila já faziam parte de sua rotina semanal, e agora, vídeo-aulas tomam conta da rotina de pais, alunos e educadores. Tudo isso faz com que o professor se reconstrua e promova uma prática que ainda não domina. Como promover uma aula de qualidade, sanar dúvidas, participar de HTPC’s, acompanhar as mudanças diárias nas Portaria da SME’s, SEE’s e DRE’s, observar o sinal de wi-fi, bateria de celular, aumentar sem apoio financeiro seu pacote de dados e ainda por cima, lidar com toda uma nova rotina em casa, ocasionada pela mesma crise? Ah! Ainda tem filhos, marido/esposa e toda uma demanda emocional junto com toda essa nova configuração de trabalho em “home office”. Nome bonito para dizer: Se vira nos trinta e trabalha em casa...dá seu jeito! O professor não é máquina e tampouco é passível de programação e desprogramação. Ele é um ser indivisível, passível de erros, acertos, falhas, vitorias e principalmente, ele é de carne, osso e sentimentos. É preciso que a categoria mais do que nunca, se solidarize uns com os outros e promovam ao menos “bate papo” virtual. O professor precisa de um espaço para dizer abertamente o que sente, como sente, porque sente e tudo o mais que estiver permeando sua mente neste momento. Esse falar precisa ser libertador e sem “moderadores”, é preciso falar sem o medo de ser julgado, sem ter que ficar imaginando se esse ou àquele irá censurá-lo. Muito se fala dos alunos que não têm essa e aquela ferramenta e se encontra em condições precárias em suas casas. Mas, e os professores? Desde a escola particular à escola pública, eles também têm suas dificuldades, sejam elas financeiras, sociais, tecnológicas, etc. Muitos não dominam a linguagem tecnológica, pagam aluguel, não contam com a ajuda de um(uma) companheira para ajudar, não possuem celulares de última geração com uma boa resolução de câmera ou ainda, moram em lugares mais abastados onde mesmo com um wi-fi pago, o sinal é de longe o necessário para garantir o acesso às vídeo-aulas e para acompanhar o que é proposto pelo Ministério da Educação junto aos órgãos reguladores. A síndrome de burnout, mais conhecida como a síndrome do esgotamento físico e mental, é muito comum entre professores e apresenta diversos sinais nem sempre tão claros para si mesmo e para os que estão ao redor. Por isso é necessário que em tempos em que não podemos sair de nossas casas, ou pagar por terapias, que possamos ao menos desabafar sem o medo de sermos julgados. O termo burnout, do inglês, significa aquilo que deixou de funcionar por completa falta de energia. Simbolicamente, é aquilo ou aquele que chegou ao seu limite, com grande comprometimento físico ou mental. E é exatamente para que essa energia não se esgote, que precisamos de “válvulas” de escape. Portanto, fale! Fale sobre o que te deixa triste, irritado, nervoso, feliz, angustiado, preocupado, confortado, apaziguado com raiva ou à beira de um ataque de nervos. Tantos grupos de WhatsApp no celular, então procure filtrar as mensagens recebidas, as notícias sem fontes confiáveis, as correntes sem fundamentos e ria alto das piadas que chegam e das imagens que nos fazem esquecer um pouco essa enxurrada de informações. Procure falar, mas também saiba ouvir um colega quando necessário. Professor por natureza tem a necessidade de falar, de se comunicar, de se fazer ouvir. Quer gritar por causa do estresse ou do nervoso e fica reticente de te acharem louco? Respire fundo, coloque a cabeça (rosto) num travesseiro ou almofada e grite bem alto e sem medo. Você vai perceber que ficará mais leve e menos tenso. Outras atitudes que ajudam é dançar, ouvir sua música favorita, não se culpar pela conexão falhar ou demorar para entrar no “chat” ou na reunião virtual, tentar se organizar para ter uma forma de critério de execução de atividades, e não para ficar estressado por não conseguir cumprir o cronograma. Pensar que muitas coisas pelas quais está passando não depende de você, de sua vontade ou da sua falta de vontade. Mas sim, ocorre neste momento por consequência de uma crise mundial que irá sim, terminar em breve. E novamente, fale como você se sente ao final de cada atividade, nem que seja para você mesmo. Lembre-se: Falar é libertador!

Alexandre Muniz – Psicopedagogo e Neuropsicólogo Clínico
Abaixo, listo dois links de lugares que podem ajudar com uma escuta ativa gratuita ou com valores bem baixo do custo convencional.

https://www.instagram.com/escuta60mais/  (para pessoas com mais de 60 anos)

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